Mimada Café: o brunch do planeta Vanzetto
Há uma semana o Mimada Café ainda estava em obra, hoje já é o café da manhã mais concorrido dos Jardins. Disparado. Não que ele só sirva para isso. Ele fecha um ciclo dentro do universo de Renata Vanzetto, entre “puxadinhos e agregados mil”. Entre maluquices também.
O mundinho da chef sempre teve algo de fantástico. Nasceu com o Marakuthai, em 2007, na Ilhabela, mas foi plantado bem antes — desde os 13 anos de idade, a menina improvisava eventos e semeava o espírito do buffet que viria depois. Hoje, quem circula pela paulistana rua Bela Cintra, entre as alamedas Itu e Franca, consegue percorrer o planeta todinho.
“O cara almoça no Muquifo e passa na lojinha (Mercearia Maravilha), come um sanduíche no Matilda, um drink no Me Gusta, dança no Mé, janta no Miado ou no Motel, pede pizza no Mamma e toma café, toma uma sobremesa no Mimada”, diz ela, orgulhosa do próprio ecossistema gastronômico. Não chegou a admitir, mas... sempre há chance de mais um negócio — o Ema, por exemplo, deve voltar, “só não se sabe quando”.
Até porque, monotonia e “vanzettice” não moram no mesmo léxico. Renata jurou de pés juntos que 2025 seria um ano “tranquilo”, mas com o Mamma ainda no colo, abriu o Motel, estreou no reality Chef de Alto Nível, da TV Globo, e agora veio com o novíssimo Mimada Café. “Foi o pior momento, mas foi também uma oportunidade. Eu namorava o ponto há 10 anos e não podia deixar de pegar”, conta ela.
O imóvel, que antes era uma loja de molduras, virou “meu cafezinho, meu brunch, minha doceria”, ou apenas o projeto da vez. E que projeto! Assinado pelo arquiteto Cassiano Monjardim, carrega lembranças de viagens e um tico do casamento multicultural: “O Mimada tem uma mega influência da vida americana do meu marido. Ele é californiano.”
Foi com Cassiano que ela descobriu uma outra galáxia matinal: “Quando comecei a ir com ele pra lá, vi um jeito de tomar café da manhã muito diferente do nosso: baconzão, jarra de café repondo, peixes defumados. Eu nunca tinha comido um peixe defumado de manhã, sabe assim?”.
Nas viagens a Nova York, enquanto Renata pensava nos restaurantes para almoço e jantar, ele insistia: “vamos num café da manhã animal”. A “cultura do café pesadão, bacon, salsicha, linguiça…” até pode ser dele, mas a fusão, claro, é “vanzettice” pura: “Eu falei: quero unir tudo. Quero esse cafezinho com doces, mas também um brunchzão mais servidão”.
O pedido foi simples e esquisito: “Um brunch meio americano numa atmosfera meio parisiense”. Se não fosse o pai de seus três filhos, o pobre do arquiteto talvez precisasse de mais detalhes. Cassiano “sacou em dois segundos”.
As “deliciosidades” do Mimada
“Tudo é clássico com um toquezinho diferentinho”, define a chef. Uma tradução do conceito são as Alcachofrinhas (R$ 48, seis unidades): “Brunch tem hollandaise, então fiz uma alcachofra na chapa com o molho em cima. Ficou super moderninho”.
Tem muito mais: os tostex vêm “em pão de hambúrguer molinho, abro, recheio, ponho na tostequeira dos dois lados. Fica super achatadinho, quadriculado, bem diferentinho”. O com presunto royale e queijo sai R$ 36.
As porções são generosas, os ovos mexidos, alla cacio e pepe, trazem tomatinhos assados e croissant tostado (R$ 45). Já no Platô Sadelle’s, o folhado afrancesado vira torradinhas que amparam o crudo de atum, o gravlax de salmão e o creme azedo com ovas e dill (R$ 92).
Quem acompanha a carreira de Renata, vê de longe o prato que mais tem sua cara. O Las Hermanas junta “guacamole, lasconas de porco, ovo, muito coentro e pimenta” (R$ 66), porém, o queridinho da vez é outro: “Se você perguntar a melhor coisa do Mimada eu vou falar que é a salada de fregola, sem sombra de dúvida: noz pecã caramelizada, queijo de cabra, maçã, kale, cheio das crocâncias. Pode acompanhar frango assado ou porco” (R$ 80 ou R$ 82 respectivamente).
Os doces (de R$ 12 a R$ 45) estão divididos entre Merecidos (waffle, panqueca, french toast) e Mimos (sobremesas que vêm das outras casas — como a saudosa Pavlova do Ema ou o obsceno bolo de cenoura e brigadeiro do Muquifo). Eu mereci a rabanada feita com brioche, imagino que com três quilos de manteiga para dourá-la, coberta com uma bolotona de sorvete de caramelo (R$ 45). Não tenho do que me queixar!
Antes de parar com os spoilers, avisos: a Pink Lemonade (R$ 22) é uma limonada natural com suco de framboesa de verdade, e o café coado, servido em garrafa térmica (R$ 30, meio litro), tem cunho afetivo: seu padrasto, Fernando Neubern, cultiva e torra grãos 100% arábica numa fazenda em Garça, seguindo tradição familiar. “É muito exclusivo, muito gostoso”, garante a chef.
Por falar em afetividade, o nome do café é carinho puro: “As mimadas são elas, as meninas, Sussu [a filha Suri] e Fiorella [a sobrinha]. As mimadinhas da mamãe”. A saber: o tributo doméstico está espalhado em fotos pelo salão e pode ser visto todo santo dia!
Mimada Café
R. Bela Cintra, 1543, Cerqueira César. Todos os dias, das 08h às 18h.
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